Conceitos Básicos de Geoprocessamento, SIG, Cartografia, GPS e Sensoriamento Remoto para Concursos
Patrícia Cayres Ramos Mascarenhas
O texto apresenta conceitos básicos de Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica (SIG), Sensoriamento Remoto (SR), Cartografia e Sistama de Posicionamento Global (GPS) sem aprofundamento técnico com a finalidade de fomentar o conhecimento básico para alunos "concurseiros" em Geoprocessamento.
GEOPROCESSAMENTO:
Geoprocessamento
é o conjunto de tecnologias votadas para aquisição, analise de
dados e informações geoespaciais para aplicação em diversas áreas
como: cartografia, sensoriamento remoto, meio ambiente, industria,
planejamento urbano, transporte, energia e saúde.
Segundo
Rodrigues (1993), Geoprocessamento é um conjunto de tecnologias de
coleta, tratamento, manipulação e apresentação de informações
espaciais voltado para um objetivo específico.
Para
Câmara e Medeiros (1998), o geoprocessamento é uma disciplina do
conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para
o tratamento de informações geográficas.
Xavier
da Silva e Zaidan (2004) afirmam que o geoprocessamento é um
conjunto de técnicas computacionais que opera sobre bases de dados
(que são registros de ocorrências) georreferenciados, para os
transformar em informação (que é um acréscimo de conhecimento)
relevante.
Rocha
(2000) define geoprocessamento como uma tecnologia transdisciplinar,
que através da localização e do processamento de dados
geográficos, integra várias disciplinas, equipamentos, programas,
processos, entidades, dados, metodologias e pessoas para coleta,
tratamento, análise e apresentação de informações associadas a
mapas digitais georreferenciados, e utiliza como principal ferramenta
o Sistema de Informação Geográficas (SIG).
SISTEMA
DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA:
Com
avanço da tecnologia computacional foram desenvolvidos os Sistema
de Informação Geográficas – SIG para atender as demandas da
sociedade. O SIG utiliza técnicas computacionais para visualizar,
editar, armazenar, analisar dados georreferenciados em formato
vetorial e matricial que
permite e facilita a análise, gestão ou representação do espaço
e dos fenômenos que nele ocorrem.
Os
dados de um SIG são oriundos de diversas fontes entre elas as mais
impontantes são: os levantamentos cartográficos, dados de censo,
cadastro urbano e rural, sensores dos satélites, Sistema de
Posicionamento Global – GPS, levantamentos planialtimétrico, redes
e modelos numéricos de terreno.
Os
dados vetoriais podem se apresentar em vários formatos: DGN,DWG,
DXF, DGN, shapefile, coverage ,geodatabase. Os vetores são a
representação digital de objetos ou elementos do mundo real por
meio de pontos, linhas e polígonos. Estas três entidades nunca
ficam no mesmo layer, no caso dos programas de SIG, mas em programas
baseados na tecnologia CAD (desenho auxiliado por computador) elas
podem se apresentar em um mesmo nível, o que dificulta a
transferência de dados editados em CAD para SIG.
O
dados matriciais ou raster poder se apresentar nos formatos: IMG,
TIFF,SID, JPEG, BMP, GRID, TIN. O modelo de dado matricial é
formado por células regulares normalmente quadradas, mas podem ser
rectangulares, triangulares ou hexagonais, cada célula possui um
único valor. Quanto maior for a dimensão da célula menor será o
detalhe na representação do espaço geográfico.
Hoje,
existem uma grande quantidade de softwares na área de SIG, e cada
programa possui maior ou menor capacidade na solução de
determinados problemas. Existem programas especializados em trabalhar
com dados raster e imagens, em recursos de edição vetorial,
interação com banco de dados e disponibilização de informações
geográficas para a sociedade na web. Por isso os analistas em
geoprocessamento trabalham com vários programas para desenvolver
seus projetos e os dados precisam intercambiar dentro dessa gama de
programas. Este assunto tem mobilizado a comunidade técnica que
tenta criar padrões para os dados. A Open Geospatial Consortium
tem
o objetivo de direcionar os desenvolvedores de software de SIG e
Geoprocessamento adotarem padrões que garantam a interoperabilidade
dos dados.
O
SIG produz cartas imagens, mapas temáticos, analises de redes,
modelos de erosão, distribuição de chuvas, analises de imagens de
satélites para monitoramento ambiental como o DETER, PRODES e o
BDQueimada do INPE, monitoramento dos biomas como o elaborado pelo
IBAMA e analises climáticas como as do INPE e INMET.
O
trabalho com SIG exige conhecimento básico em: Cartografia,
Sensoriamento Remoto, e Sistema Global de Posicionamento – GPS.
CARTOGRAFIA:
O
conceito de cartografia estabelecido em 1966 pela Associação
Cartográfica Internacional (ACI) e ratificado pela UNESCO no mesmo
ano é: “A Cartografia apresenta-se como o conjunto de estudos e
operações científicas, técnicas e artísticas que, tendo por base
os resultados de observações diretas ou de documentação, se
voltam para a elaboração de mapas, cartas e outras formas de
expressão ou representação de objetos, elementos, fenômenos e
ambientes físicos e socieconômicos, bem como a sua utilização.”
Os
mapas e cartas buscam representar estudos, analises e coletas de
dados associada a superfície terrestre. É de longa data que os
estudiosos buscam por modelos para representar a Terra. Pitágoras,
em 528a.c., introduziu o conceito de forma esférica para o planeta.
O matemático alemão Carl Friedrich Gauss (1777- 1855) introduziu o
conceito de Geoide.
A
geoide é o modelo físico da terra, onde a superfície
gravitacional é considerada constante, muito semelhante ao nível
médio do mar. Porém de difícil analise. Para facilitar os cálculos
os estudos chegaram a uma figura geométrica chamada Elipse que ao
girar em torno de seu eixo menor forma um volume, o Elipsoide de
Revolução, achatado nos polos. O elipsoide é a superfície
matemática utilizada nos cálculos de posicionamento e representação
cartográfica. Cada país ou grupo de países adotou um elipsoide
como referência para os trabalhos geodésicos e topográficos, que
mais se aproximasse da geoide na região considerada.
Quando
trabalhamos na construção de mapas e sistemas é necessário
adequar a escala dos dados e o sistema de projeção.
No
Brasil encontramos cartas com levantamentos no Datum córrego alegre,
sad 69. O atual Datum oficial no país é o SIRGAS 2000.
Escala:
Escala
é a relação entre a medida real de um objeto ou lugar e a medida
de representação dele no papel, ou mapa.
Nos
mapas e cartas temos a representação da escala nas formas:
Numérica:
(1: 50.000) Esta o 1 representa a medida no papel e 50 mil a medida
real, ambas estão representadas na mesma unidade de medida.
Gráfica: Esta funciona como uma régua
Gráfica: Esta funciona como uma régua
Projeções
Cartográficas:
O
problema básico das projeções cartográficas é a representação
de uma superfície curva em um plano. Não existe nenhuma solução
perfeita para o problema, ou seja, livre de deformações.
A
construção de um sistema de projeção é escolhido de maneira que
este venha satisfazer as finalidades impostas pela sua utilização,
mantendo uma das propriedades espaciais: A manutenção da forma
(conformidade); inalterabilidade das áreas (equivalência); relações
entre as distâncias dos pontos representados e de seus correspondes
(equidistância).
Classificação
das Projeções Cartográficas:
Quanto
ao método:
- Geométricas: obtidas pela interseção, sobre a superfície de projeção, do feixe de retas que passa por pontos da superfície de referência partindo de um centro perspectivo (ponto de vista).
- Analíticas: formulação matemática obtida com objetivo de obter características previamente estabelecidas.
Quanto
a superfície de projeção:
- Planas: assumem três posições em relação a superfície de referência polar, equatorial e oblíqua (ou horizontal).
- Cônicas: a superfície de projeção é o cone, sua posição em relação à superfície de referência pode ser normal, transversal e oblíqua (ou horizontal).
- Cilíndricas: a superfície de projeção é o cilindro, sua posição em relação à superfície de referência pode ser equatorial, transversal e oblíqua (ou horizontal).
- Poli-superficiais: empregam mais de uma superfície de projeção do mesmo tipo para aumentar o contato com a superfície e diminuir as deformações (poliédricas, policônica, policilíndrica).Fonte: Lapig da UFG (http://www.lapig.iesa.ufg.br/lapig/cursos_online/gvsig/projees_cartogrficas.html)
Quanto
às propriedades:
- Equidistantes: sem deformações lineares. A relação entre os comprimentos são conservadas.
- Conformes: todos os ângulos são preservados em torno de qualquer ponto. Não deformam pequenas regiões.
- Equivalentes: mantem a relação de área.
- Afiláticas: não apresentam nenhuma das propriedades anteriores.
Quanto
ao tipo de contato entre as superfícies de projeção e referência:
- Tangentes: a superfície de projeção é tangente à de referência.
- Secante: a superfície de projeção secciona a superfície de referência.
SENSORIAMENTO
REMOTO:
Sensoriamento
Remoto é a utilização de sensores para a aquisição de
informações sobre objetos ou fenômenos sem que haja contato direto
entre eles, os sensores seriam os equipamentos capazes de coletar
energia proveniente o objeto, convertê-la em sinal passível de ser
registrado e apresentá-lo em forma adequada à extração de
informações (NOVO , 1998)
A
principal função dessa disciplina para um analista em SIG é a
escolha do sensor adequado para o estudo que se deseja fazer. Um
exemplo prático e ó LandSat e suas bandas 3,4 e 5 é muito usado
para mapear áreas de solo exposto na Amazônia que indicam as
prováveis áreas desflorestadas quando feito uma comparação de um
ano para o outro.
O
sensoriamento remoto estuda a reflectância de alvos por meio de um
estudo detalhado das ondas eletromagnéticas. Existem sensores
ativos e passivos. Os ativos emitem as ondas
eletromagnéticas e captam o retorno dessas ondas após interação
com os alvos um exemplo de sensor ativo é o Radar. Os passivos
dependem de uma fonte de radiação externa para operar, elas
detectam a radicação solar refletida ou a radiação emitida pelos
objetos da superfície.
Os
sensores passivos operam na
região óptica de espectro eletromagnético podem ser classificados
como : termais, e de energia solar refletida.
Os
sistema sensores utilizados nos Sistemas de Informação Geográfica
são os chamados sensores imageadores que fornecem como
resultado uma imagem da superfície observada. Mas em estudos
minuciosos sobre comportamento espectral dos objetos da superfície
terrestre são utilizados os radiômetros que não geram imagens,
geram dígitos e gráficos e são classificados como sensores não
imageadores.
Outro
dado importante para a escolha de um sensor em um trabalho é a
resolução que é dividida em quatro parâmetros
independentes: espacial, espectral, radiométrica e temporal.
A
resolução espacial é definida pela capacidade do sistema
sensor “enxergar” objetos na superfície terrestre. Quanto menor
for objeto identificado, maior será a resolução espacial( NOVO,
1998).
A
resolução espectral é inerente ao número de bandas
espectrais de um sistema sensor e pela largura do intervalo de
comprimento de onda eletromagnética coberto por cada banda (CROSTA,
1992). A resolução espectral será maior no sensor que tiver o
maior número de bandas e menor a largura do intervalo de cada banda.
O sensores hiperespectrais possuem maior resolução espectral quando
comparados aos multiespectrais.
A
resolução radiométrica estabelecida pelo número de níveis
de digitais, representada pelo níveis de cinza na imagem para
representar o objeto. Quanto maior o número de níveis maior será a
resolução radiométrica. Se tentarmos forma uma imagem usando
apenas o preto e o branco e outra utilizando 32 níveis entres o
branco e o preto, o detalhamento será maior na ultima.
A
resolução temporal é dada em função do tempo que o sensor
leva para retornar ou mesmo ponto de imageamento. Quanto menor for
esse tempo melhor será a resolução temporal.
Espectro
Eletromagnético:
- Intervalo EspectralComprimento de OndaRaios cósmicos0,01 ARaios gama0,01 -0,1 ARaios X0,1 – 1,0 AUltravioleta3nm – 0,38μmVisível0,38 - 0,76μmInfravermelho próximo0,76 – 1,2μmInfravermelho de ondas curtas1,2 – 3,0μmInfravermelho médio3,0 – 5,0μmInfravermelho termal5,0μm - 1mmMicroondas1mm -100cmRádio1m - 10kmÁudio10 – 100 kmCorrente alternada> 100 kmObs.: Aº = 10-10m; nm = 10 -9 m; e μm=10 -6 m
A
radiação eletromagnética compreendida em cada um dos intervalos
espectrais interagem com intensidades diferentes com os objetos
terrestres e exige para sua detecção sensores com algumas
características.
SISTEMA
DE POSICIONAMENTO GLOBAL - GPS:
Foi
iniciado em 1978 o rastreamento dos primeiros satélites NAVSTAR,
dano origem ao que hoje é conhecido como GPS. No inicio utilizado
apenas por militares americanos, mas apartir da segunda metade da
década de 80 foi também aberto ao uso civil.
O
Sistema subdivide-se em três segmentos:
Segmento
Espacial: Formado por uma constelação de 24 satélites ativos
de tal forma que em qualquer parte do globo terrestre existam ao
menos 4 satélites visíveis em relação ao horizonte 24 horas por
dia.
Segmento
de Controle: Compreende o Sistema de Controle Operacional da
Constelação. Consiste em uma estação de controle mestra, estações
de monitoramento mundial e estações de controle de campo.
A
estação mestra localiza-se na base FALCON da USAF em Colorado
Springs no Colorado/EUA. Ela monitora os satélites e reúne os dados
das estações de monitoramento e de campo, processando-os e gerando
os dados que efetivamente serão transmitidos aos satélites.
As
estações de monitoramento rastreiam continuamente todos os
satélites da constelação calculando suas posições a cada 1,5
segundos. Modelam os erros de refração e calculam suas correções,
transmitidas aos satélites e através destes para os receptores de
todo o mundo.
As
estações de campo são formadas por uma rede de antenas de
rastreamento dos satélites. Ajustam os tempos de passagem dos
satélites, sincronizando-os com o tempo da estação mestra.
Segmento
do Usuário: Este segmento é
formado pela comunidade usuária dos receptores GPS. Estes recebem os
dados da constelação e geram a localização do receptor.
REFERÊNCIAS:
CÂMARA,
G.; MEDEIROS, J. S. Geoprocessamento para Projetos Ambientais.
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, São José dos
Campos, 1996.
CROSTA,
A.P. Processamento digital de imagens de sensoriamento remoto.
IG. UNICAMP. Campinas, 1992.
DUARTE,
P.A. Fundamentos de Cartografia. 3ª edição. Ed. Da UFSC.
Florianópolis, 2006.
IBGE.
Noções Básicas de Cartografia. Manuais Técnicos : Número
8. Rio de Janeiro, 1999.
RAMOS,
P. C. Mapeamento das Áreas Indicativas de Degradação na APA da
Bacia do Rio São Bartolomeu – DF. Utilizando Técnicas de
Geoprocessamento. Dissertação de Mestrado. FT, UnB, Brasília,
2002.
ROCHA,
C. H. B. Geoprocessamento Tecnologia Transdisciplinar. Juiz de
Fora, Edição do Autor, 220p. 2000.
RODRIGUES,
M. Geoprocessamento: um retrato atual. Revista Fator GIS.
Curitiba, 1993.
XAVIER-DA-SILVA, J.; ZAIDAN, R. T. Geoprocessamento e Análise Ambiental: Aplicações. Rio de Janeiro, 2004.
MENESES,
P.R. Fundamentos de Sensoriamento Remoto. Textos
Universitários, UnB.
MORAES
NOVO, E.M.L. Sensoriamento Remoto Princípios e Aplicações.
2ª edição. Ed. Edgard Blucher, 1998.
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